Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Pigxtar
Ligado de forma indelével e bem corajosa a diversas movimentações nesta cidade, e a abrir caminho para essas mesmas para fora deste país, Tiago Miranda tem sido em tempos mais ou menos recentes contemplado essencialmente enquanto DJ e produtor cuidadoso de malhas para a pista entre a expansividade do cosmos e o pulso desta terra. O que nos pode levar a esquecer o quão intimamente ligado a uma ou várias vidas desta casa ele está. Figura de múltiplas faces destemidas, a nutrir culto e admiração ao longo de mais de duas décadas esteve, entre muitas outras aventuranças, na génese de Loosers ou Gala Drop, passou por Pop Dell'Arte, encarnou em Tnt Subhead ou Sea Power & Change, tem mantido com Alcides, a espaços, a entidade Slight Delay e fundou editoras como a Interzona ou a Ruby Red. Nesta sua nova forma, é importante pensar no trabalho desta última como elo imaginário para aquilo que anima Pigxtar. Surgida no epicentro de músicas livres que num período ali entre 2001 e 2009 fervilhou com uma intensidade inaudita, por entre inúmeros lançamentos em CDr, cassete, vinil em formas mais ou menos limitadas, à velocidade dessa urgência e que teve na Ruby Red lançamentos de gente como Fish & Sheep, Tropa Macaca, Valerio Cosi, Charles Cohen e Ed Wilcox ou, claro, os próprios Loosers em momento de criatividade infinita.
Sem que tal momentum tenha alguma vez cristalizado no tempo, sem uma história devidamente contada - talvez o lançamento recente do livro de David Keenan onde recolhe alguma da sua escrita iluminada para a loja Volcanic Tongue traga algum acesso de memória devido -, porque toda essa existência se permuta com mais ou menos foco até aos dias de hoje, podemos pegar no universo, até agora ainda parco, de Pigxtar como alinhado espiritualmente com essa cadeia de acontecimentos. Não sendo o noise matéria alheia a Tiago, podemos recuar uma década até ao lançamento de 'Emotional Poverty' na dormente(?) Noisendo de Márcio Matos para aí o encontrar, mas esta é toda uma outra música, que não se esgota nessa cartilha mas vive de uma procura igualmente vivida. Seguindo o portal aberto por algo como 'At the Crypt' de SPK e algumas emissões da Sterile Record para muletas de percussão metálica, estratégias psicadélicas do dub e electrónica rafeira em sobrecarga no contacto com formas muito, muito bastardas de rock e devoção lo-fi à kösmiche com matéria aplicada no período acima por noiseniks e exploradores do eixo Michigan-Ohio - família alargada Wolf Eyes e Emeralds revista nos catálogos da Hanson e American Tapes e cromos para troca com a Tusco/Embassy e Wagon. Na cassete homónima muito recente, vamos de curtos temas incisivos encharcados em ruído ao longo fluxo de sintetizador fluorescente da malha final, e tudo isso é parte de uma mesma visão. BS
Abertura de Portas
21h30
Preços